Oh polícia sinaleiro,lá em cima no seu trono!
O seu pódio...qual imperador num anfiteatro romano.
O poder, a autoridade,que admiração eu tinha por ele,quando ainda era puto.
Era capaz de o ficar a mirar,por um tempo sem fim...
Os seus gestos rápidos,decididos,com um toque de agressividade,sempre em postura de combate.
Na Figueira da Foz também os havia.
A minha avó puxava-me pela mão com insistência...
-Anda menino que ainda perdemos a camionete.
Dava uns passos em frente e logo parava.
Uma apitadela do polícia sinaleiro,fazia-me ficar pasmado para ele com muito respeito.
Mais parecia por vezes uma marioneta com um apito,como eu gostava de soprar naquele apito...só uma vez.
Se eu tivesse o ensejo de...
Não!
O polícia sinaleiro desceu por uns momentos do seu assento elevado,agarrei-me ao xaile da minha avó.
Será que me vai prender!
-Anda menino senão o polícia prende-te!
Apressei o passo de puto dos meus sete anitos,olhando sempre para trás...tropeçando,quase caindo.
O polícia sinaleiro repreendia um automobilista,que tinha desrespeitado as suas ordens.
Agora é que eram elas!
Era a sua voz,bem forte plena de autoridade que se fazia ouvir.
O trânsito esse estava num caos...que grande desordem!
Todos buzinavam,abafando os berros do polícia sinaleiro.
Ao longe,perdi-o de vista ao entrar na praça velha...
Estávamos a chegar á "leiriense" que ia para a Cova...
(em "Memórias da minha infância")
João Catavento, 20 de maio de 20012